quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Concúbito


Quero envover teu corpo ao meu
Delicadamente tocar-lhe o lábio
E sentir de leve o seu arrepio
A cada beijo um novo apogeu.

Morder sutilmente o bico do peito
Sussurrando poema em seu ouvido
Fazer você perder todo o sentido.
Com você o amor mais perfeito.

Quero te fazer minha mulher
A cada tarde quente de verão.
A cada fabuloso amanhecer

Acordar se exaurindo de tesão
Tendo o sentido pleno do viver
Entrelaçado contigo no colchão.
Dezembro/2010

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

CARDIO PUTREFAÇÃO



Em meu peito não bate um coração
Habita um músculo que está morto
Que sofreu uma espécie de aborto
E causa minha própria destruição.

A reciprocidade de aniquilamento
Quiçá seja excesso de amor perdido
Ou sentimento muitas vezes ferido
Ou extrema agonia de pensamento.

Fiz-me há tempos vão, indiferente
Repudiando o sentido da vida
Putrefando-a permanentemente

Por vezes sinto a mente dolorida
Olho no espelho uma face doente
Que se despede. Que espera partida.
setembro/2010

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Encanto.



O ar soprando de encontro a mim
É teu respirar vindo mansinho
Traz-me beleza, doce carinho.
Não esperava um amor lindo assim.

Vou circundar-te de rosas e flores
Quero te ver como um anjo do céu
Desenhar-te linda num branco papel
Fazê-la arco-íris, em vivas cores.

Quero te ver deusa, Afrodite em meu viver...
Refletindo em bela e pura poesia
Tua face no céu brilhar, resplendecer.

As palavras que jamais entenderia
Como um sonho impossível de escrever
Tu és fada que me encanta em alegria.

Abril/2003

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Neuroagonia


SOB INFLUÊNCIA FAMIGERADA
CAIO NO CHÃO DO PRÓPRIO LAR
SEM REINCIDENTES PRA RESGATAR
A CONSCIÊNCIA JÁ DESGASTADA


PERVERTIDAMENTE AGONIADA
MIN´ALMA CAMINHA A ESMO
LEVADA ASSIM PELO MESMO
VENENO QU´EMPURRA PRO NADA.


PRECISO ENCONTRAR O CAMINHO
INFINITIVAMENTE ME ELEVAR
MESMO QUE SEJA ASSIM SOZINHO.


DEPRESSA DISTANCIAR-ME DO MAR
DAS MIRAGENS DUM FALSO CARINHO
QUE SUCUMBIU-ME NA DOR DE TE AMAR.

maio/2009

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Um idiota na Praça da Sé.



Mendigos, trapos, farrapos de gente.
Nada é belo. A metrópole é bela.
Essa utopia do viver me revela
O que o coração não mais sente.

É surpresa pra quem vê de perto
E se o tempo não trouxe melhora,
Por que haveria de querer ir embora
E deixar um buraco entreaberto?

O poeta percebeu a cor do imundo.
Na verdade era a planta em pessoa.
Se esse veneno todo me atordoa
É que sua raiz vejo vir lá do fundo.

Nas esquinas, nos bares, favelas, no lodo.
Na São João o lixo sai a vagar pelas ruas
Se insinuam... Sorriem... Garotas nuas.
E o vento as jogam de um lado para outro.

Vi um menino com graxa no rosto.
Pedi um churrasco grego. Ele pediu
Um trocado, um fiado, um ‘puta que pariu’...
E do tal lanche nem senti quase gosto.

Há nos bêbados a lucidez senil.
Com um sorriso torpe, amarelo
Fazem da Sé um enorme castelo
E da calçada, o refúgio pro frio.

Outdoors tentam ocultar escombros.
A poeira se esconde nos becos escuros
Vejo o rugir das pichações dos muros
Do metrô, das estátuas sujas, dos pombos.

Essa Paulicéia afinal quer ser bela?
A Praça da Sé mais parece um abrigo
Como um idiota a vagar... a vagar, sigo
Vivendo o passado. Revendo a novela.
novembro/2005

sábado, 8 de maio de 2010

APENAS MAIS UM CLICHÊ


Quando vi novamente nascer
Brilho intenso no meu peito
Cheguei a me sentir refeito
E num lindo sentimento crer

Engano. Era só uma miragem
Um flagelo atroz do amor
Que na verdade é malfeitor
Disfarçado de uma paisagem

Tudo mentira. Não era ela!
E eu de novo caio no chão
Não aprendi a ter cautela

Nem eu, nem meu coração
Que na lama se afoga e apela
Pra sair logo da escuridão
Maio/2010

sábado, 10 de abril de 2010

A MORTE


O vazio que se instaura em meu peito
Vem do ferino ego. Autodestruição!
Um negro espírito da desencarnação
Encostado em mim sempre insatisfeito.


O que me consome é um ser escuro
Quer num abismo jogar minh alma
Aniquilar totalmente minha calma
Aquilo que é só o que procuro.


Um desespero mortal que se levanta
Contra mim. O revés de um parto.
Um nó permanente na garganta


Batalha entre demônios que aparto
Vendo um anjo com ternura Santa
Apresentar-me a salvação que descarto.

Outubro/2009

segunda-feira, 1 de março de 2010

À própria solidão


Profundissimamente abalado
Adentro o estranho caminho
Seguindo-o sempre sozinho
Sofrendo tudo calado


Sóbrio não sei até quando,
Sinto meu momento findar-se.
E já sem forças pra abster-me,
Nem mesmo olho por onde ando.


Um homem só pelas ruas
Que não sabe o que é paixão
Que se ilude com o brilho da lua


Abandonado à própria solidão
Vendo a desgraça que se perpetua
E no peito cravar-se um arpão.

Junho/2009