segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Poema ébrio de amor



Não tenho forças mais pra falar
Do medo de estar sozinho
Caminhar longo caminho
Num lúgubre escuro a vagar.

Por mais que chego perto do Inferno
Distante fico mais de mim mesmo
Andando pela chuva a esmo
Viajo em um sonho eterno.

Solidão. Castigo de quem ama
E quem se entrega à rosa da dor
Que com espinho sangue derrama.

Lindo e sujo conceito do amor
Que atira o coração à lama
E se transforma em vil rancor

Janeiro/ 2004

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Termo


Por vezes sonho com o seu beijo
O beijo que cativou o meu ser
O ser que atormenta meu viver.
Viver é o que não mais desejo.


Por noites tenho só felicidade
Um céu rodeado de querubins
Regando flores do imenso jardim
Do paraíso, castíssima verdade


Por dias tenho a desgraçada sorte
E mesmo que desista desse afeto
Ou pare um passo a beira da morte


Deixo o epitáfio em livro aberto
Para que perceba ou nunca note
No sono eterno, de ti serei liberto.

Setembro/2009

sábado, 5 de setembro de 2009

RAIVA E RAZÃO

Aquilo a que chamava amor
Fez de um vento, tempestade.
Mas me deu maturidade
Pra disfarçar esse rancor.
Enfim, sigo meu caminho
E da dor, cruzo a fronteira.
Vendo o céu de outra maneira
Pra não me sentir sozinho.

Iludir-me é opção
Pra preencher esse vazio.
E ´screver essa canção
Me traz aos olhos novo brilho.
Procurar pelo que é vão
É peso morto a sustentar
Traz à vida solidão
E faz o coração sangrar.

Sei que agora terei tempo pra aprender.
Vou acreditar na sorte, vou deixar-me envelhecer,
Conhecer o mal diante da minha cara
Ou fingir que era o amor que, anteontem me enganara?
Raiva e razão.

Se dissesse que cansei
Que não posso mais andar
Que esse peso a carregar
Não é o que planejei
Ouviria heresia
E seria um pobre réu.
Não mereceria o céu
Como pó me varreriam.

Mas viver estagnado
É morte certa a consciência
E aceitar esse legado
É proclamar incompetência
Se o mais fácil é o errado
Eu passo fome nesta terra
Vejo um rosto derrotado
E uma vida que se encerra.

Tempestade fez a boca se amarrar
E soltar um forte grito infelizmente não dá
Mancha negra que é a própria escuridão
Fez minha vida utopia pra esquecer do coração. . .
Raiva e Razão.

junho de 2005

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

À tempestade


Cai doce, cai incessante
Leva de mim essa ausência
As réstias da sua presença
Que fez-me eterno agonizante.

O indulto era o teu carinho
É o que essa tarde remete
Nada a que não me aquiete
Tua lembrança é doce vinho.

Só, vendo a chuva cair
Tenho o afago de outrora
A luz dos seus lábios, a rir

Tão doce quanto cai agora
A chuva, calmaria adir
Impresso em minha memória

julho/2009

segunda-feira, 15 de junho de 2009

O SENTIDO PLENO DO VIVER



O pôr-do-sol fez-me sonhar com teu sorriso
E em teus olhos pude meu futuro prever
És flor de lótus do jardim do paraíso
Faz-me feliz.Faz-me viajar. Só te querer.

A princesa mais bonita em minha história
Que me encanta em pura e mágica poesia
Sua imagem é gravada em minha memória
Teu perfume me inebria todo dia

Fizeste um arco-íris no meu peito
E trouxeste alegria e luz ao meu viver
Sei que agora é para sempre. Não tem jeito

Pois vi em meu coração florescer
O amor mais puro. O mais perfeito
O meu sentido pleno em cada amanhecer.


abril/2009

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Diurno.



Beleza não existe mais que a tua
És rosa que encanta meu jardim
Luz prata que reflete à noite, a lua
Faz-me sonhar, lindo sonho sem fim.

Me encanta ver teus lábios a sorrir
Seus olhos traz-me alegria e paz
Dourado, sol soberbo, reluzir
Brilha meu coração, felicidade me traz.

De amor faz-me coberto
Na noite clara, tão fria
Teu rosto lindo à céu aberto

Mas é no clarear do belo dia
Que sinto perto, bem perto
O teu respirar, minha alegria.


Dezembro/2003

sábado, 6 de junho de 2009

Refém de Ninguém.

É o bem que cai por terra
A vida que se encerra.
Quando o perdão não basta
E o mal se alastra.
É a alma clamando por outro caminho
Mesmo que seja sozinha.
Qu´ esconde a cicatriz que a vida feriu
Dentro desse imenso vazio.
Pro coração, digo outra vez não!
Não serei refém de ninguém.

Parto pro ataque e que vença o melhor
Esse parto deu-me a luz. Há uma chance entre cem.
Abraçar a vida e fazê-la maior
Ver o mapa que conduz para a estação do bem.
Mas pro coração, digo outra vez não.
Não serei refém de ninguém.

A solidão me abala
O velho orgulho cala
Quando sozinho digo:
- Onde estão meus amigos?
Um mundo mágico sonhei pra nós dois
E acordei um tempo depois.
Fez-me provar do gosto amargo do fel
A desgraça me aconteceu.
Pro coração digo outra vez não
Não serei refém de ninguém.

Parto pro ataque. Ofereço meu suor
Sofro as dores dessa cruz. Valho quase um vintém.
Vê-se que, de longe, não dá pra ficar pior.
Lanço sangue, lanço pus. Ouço as vozes do além
Mas pro coração digo outra vez não
Não serei refém de ninguém.

setembro/2006

sexta-feira, 5 de junho de 2009

A Mágica da Poesia

Um certo estado de alma, um sentimento particular, pode apossar-se de um poeta e impor-lhe, por assim dizer, a expressão e a representação, numa forma minuciosa ou resumida, de sentimentos que se referem a circunstâncias e eventos exteriores: festas, vitórias, etc. O exemplo mais típico deste gênero é dado pelas Odes de Píndaro que são, no sentido mais autêntico da palavra, poesias de circunstância. Goethe, por sua vez, utilizou muitas situações deste gênero e até se pode, alargando o quadro, considerar Werther como um poema de circunstância.
Ao escrever Os Sofrimentos do Jovem Werther, Goethe produziu uma obra de arte a que deu, como conteúdo, as suas próprias aflições e seus tormentos, os seus próprios estados de alma, procedendo como todo poeta lírico que, ao procurar aliviar o coração, exprime aquilo de que é afetado enquanto sujeito. Graças a isso, o que era interior imobilidade acha-se livre e transforma-se num objeto exterior de que a pessoa se libertou. Do mesmo modo as lágrimas servem de derivativo à dor do que, por assim dizer, se esvai através delas. Como ele mesmo o disse, Goethe escreveu o Werther para se libertar da angústia íntima, e conseguiu-o.
Em tais situações líricas, pode refletir-se, por um lado, um estado objetivo, uma atividade referenciada ao mundo exterior, e, por outro lado, um estado da alma que, desligando-se de tudo o que é exterior, regressa a si mesma e torna-se o ponto de partida de estados internos e de sentimentos profundos.
Eis aqui o desabafo de minh´alma, alheio a qualquer espectador ou número de acessos. Indiferente a qualquer opinião, crítica ou elogio. O mais importante em todos os instantes de lamúria, tormento, angústia, amor, encantamento, paixão ou dor. . . o primordial é escrever, exteriorizar, materializar o sentimento, seja ele qual for. Nesse espaço, opto pela poesia. Pela forma sensível e ritmica da poesia. A sensibilidade aflorada exprimindo-se em versos e formas poéticas.